Deixa ela

Por Eliane Martins*

Em 2019, ainda é preciso autorizá-las.
É necessário pedir para poder…
Poder ser, fazer, acontecer.
Ela quer respeito,
Ela quer direitos,
Ela quer espaço,
Deixa ela ser.
Ela quer entrar em campo, trabalhar.
Ela pode apitar.
Deixa ela.
Ela sabe reportar.
Deixa ela.
Ela quer golear.
Deixa ela.
Martas, Cristianes, Bárbaras, Andressas, Alínes, Camilas.
Elas também têm alegria nas pernas.
Elas também fecham o gol.
Esperam ouvir:
“Que corte, que assistência, que defesa”.
Não merecem escutar:
“Que bunda, que coxa”; “Essa joga que nem homem”.
O talento delas não parece com o de ninguém,
elas simplesmente são.
Seus corpos, dedicados ao esporte, não esperam elogios estereotipados.
Mas que valorizem a força, o preparo, o esforço.
Infelizmente, elas se acostumam.
Afinal, desde sempre, o espaço é deles:
O futebol. O campo. O juiz. O apito.
Porém, elas sempre estiveram ali, mesmo sem perceber seu merecido destaque:
A bola.
A torcida.
Sem elas, não há.
Elas comandam.
Elas punem.
Ela são.
E são nossas.
Vamos juntas. Juntos.
Torcer, vibrar, apoiar, acompanhar.
Mesmo sem Fan Fest,
Mas pelo menos não vai passar só na Net.
Sem patrocínios inacreditáveis,
Mas com histórias de superação inimagináveis.
Sem muita notícia semanal,
Mas sem escândalos no Jornal Nacional.
O feminino resiste.
No futebol,
Na vida.
Um passo, ou um drible, de cada vez,
Se provando o tempo todo.
Sendo julgada e avaliada.
Mas o momento é bom,
É de equipe unida.
E se mexer com uma já sabe,
Atiçou o time inteiro.

Eliane é jornalista e camisa 9.