DOMINGO FOMOS ÀS RUAS, DOMINGO IREMOS ÀS URNAS

Por Nathália Oliveira*

No dia 28 de outubro de 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito Presidente do Brasil, todas sabíamos que dias difíceis nos aguardavam. Não, não estou responsabilizando o misógino que ocupa o Palácio do Planalto pela opressão histórica sofrida pelas mulheres. Acuso apenas o discurso que ele professa e as ações públicas que ele promove através de seus ministérios.

Discurso esse que, com a guinada da extrema-direita machista no mundo, saiu da caverna obscura do constrangimento e ganhou volume, perdendo o pouco de pudor que tinha. Discurso ao qual assistimos com pavor e revolta durante a audiência do caso Mariana Ferrer, quando um advogado de defesa humilha uma vítima de estupro perante um juiz e não é repreendido.

Mas apesar da omissão cúmplice do juiz Rudson Marcos, seguida de uma decisão aterrorizante que está sendo investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nós, mulheres, não nos calamos. Se um representante da Justiça se mostra incapaz de interferir quando uma mulher é humilhada em um espaço onde deveria ser acolhida, nós mostramos do que somos capazes juntas. Por isso, domingo fomos às ruas.

Domingo fomos às ruas com uma velocidade recorde de articulação porque o respeito às mulheres exige pressa.

Domingo fomos às ruas porque quando o direito de uma é violado, todas somos violadas.

Domingo fomos às ruas porque entendemos que a nossa força é a solidariedade.

E no próximo domingo, nós mulheres, iremos às urnas.

Dois anos depois do dia em que a misoginia, o racismo e a homofobia foram alçados ao cargo de maior importância da política brasileira, iremos novamente às urnas. E fica aqui o meu apelo a todas:

Que o grito que se fez ecoar nas ruas de diversas cidades do Brasil em repúdio ao machismo no sistema judicial se manifeste uma vez mais neste domingo.

Que as ruas e as urnas fiquem marcadas por nossas vozes de pavor, revolta e solidariedade.

Que os poderes deste país sejam tomados por mulheres para que a elas possam servir com dignidade e respeito.

E aos misóginos do executivo, legislativo e judiciário, fica o lembrete, o alerta, o aviso: Domingo fomos juntas às ruas. Domingo iremos, também juntas, às urnas.

Nathália Oliveira vive de contar histórias e é a criadora deste projeto. @anath.oliveira