Quem escreve aqui tem nome e sobrenome: me chamo Nathália Oliveira, tenho 28 anos e sou a criadora do Projeto Mulheres Poderosas.

Em 2016, quando ele veio ao mundo, não veio só pelas minhas mãos. Clarice, Renata, Juliana, Antonia, Isis, Maria, Odila, Thais e Luiza são os nomes que também respondem pelo nascimento, crescimento e resistência nesses 5 anos de trabalho e afeto. Mas agora, meia década depois, sinto que este projeto precisa parar.

É difícil tomar essa decisão porque ela tem uma aparência de desistência, de “jogar a toalha”, ou de que a coisa não deu certo. Mas afinal, um projeto que publicou histórias de mais de 100 mulheres, em 4 países diferentes, ao longo de 5 anos, sem nenhum tipo de investimento que não fosse o tempo e o talento das mulheres citadas acima, não é um projeto que deu certo? Eu acredito que sim.

E é por isso que este projeto precisa parar.

O freio inicial veio de fora para dentro. Com a chegada da pandemia, este projeto perdeu seu maior ativo: a presença. O momento mais importante para mim sempre foi o de encontrar cada uma dessas mulheres, olho no olho. Para ouvir, falar, dividir, somar e depois contar, com as minhas palavras, não só o que ouvi delas, mas também o que pude ver e sentir. Sem presença, essa mágica não acontece. E essa é só uma das verdades que a pandemia nos confirmou: tem coisas na vida que só acontecem no encontro, no contato, não dá para passar para o virtual. E por mais que estejamos concluindo este ciclo com entrevistas realizadas de forma on-line, não é a mesma coisa. Não é a nossa essência.

Com essa primeira parada forçada, foi um movimento natural olhar para dentro e entender que este é o momento em que este ciclo se encerra. O Projeto Mulheres Poderosas veio ao mundo com a missão de valorizar mulheres e gerar sororidade. E esta missão foi cumprida.

E é por isso que este projeto precisa parar.

O que não significa que não haja uma retomada no futuro. Quem é que se atreve a falar em futuro hoje em dia, não é mesmo? Eu, Nathália, não me atrevo. Prefiro falar do ontem e do hoje.

Ontem, publicamos o último vídeo da série realizada durante a pandemia, entre novembro de 2020 e março de 2021. Agradeço imensamente à Bruna, Tirza e Andressa, que toparam protagonizar esta série com muita generosidade e carinho. Vocês são mulheres formidáveis. Quem ainda não assistiu, corre lá no nosso Instagram.

Hoje, dou por encerrado este ciclo sabendo que sou uma mulher muito melhor do que eu era há 5 anos. Carrego comigo todos os aprendizados de cada uma dessas mais de 100 mulheres.

Agradeço também a todas as leitoras e leitores que nos acompanharam e incentivaram até aqui. Sem vocês, nada disso teria sentido.

Obrigada. A luta continua.

Até breve!