Este texto foi originalmente publicado em 15 de março de 2018 no extinto Medium deste projeto.
Me surpreendo ao perceber que aquilo que escrevi poucos minutos depois de ler a notícia sobre o assassinato de Marielle continua tão vivo e, infelizmente, tão dolorido 2 anos e 5 meses depois. Ainda não sabemos quem mandou matar Marielle. Ainda não sabemos o porquê. #justiçapormarielle.

A história de vida da vereadora Marielle Franco, executada ontem (14), no Rio de Janeiro, é uma história política.

Não só por sua luta contra as muitas desigualdades ou seu mandato na Câmara Municipal carioca. Mas porque a existência de uma mulher negra, lésbica e favelada, que se atreve a levantar a voz contra as injustiças desse país, é uma existência política.

O que aconteceu com a Marielle foi um desfecho abominável para uma vida inspiradora e com tantas contribuições por vir.

O que me dá medo é que uma das mensagens que essa execução deixa para trás é algo como “veja o que acontece com mulheres que se atrevem”.

Não temo por mim, já estou metida nessa luta dos pés à cabeça e não tem volta. Temo pelas jovens mulheres, meninas, que vêem esse episódio e se sentem desacreditadas de um futuro mais digno.

Por outro lado, o assassinato de Marielle também pode passar a seguinte mensagem: “veja o que acontece quando mulheres se atrevem”. Mexe muito, né? Balança as estruturas, incomoda quem se acha “dono do poder”.

Se nós, que temos ainda um pouco mais de tempo nesse planeta, decidimos acreditar mais na segunda mensagem do que na primeira, o curso da história se altera. O incômodo vira equilíbrio, renovação e esperança.

E nessa mesma mensagem, podemos dizer que cabe a frase “o mundo é dos mais fortes”, sendo mais fortes aqueles que têm coragem.

Marielle deixa para nós um legado de luta e de muita, mas muita coragem.

Honremos Marielle.

Meus mais sinceros sentimentos aos amigos e à família de Marielle e do motorista Anderson Pedro Gomes. Que vocês recebam todo amparo e apoio possível. Força.