VAMOS DEBATER, MANAS

Por Nathália Oliveira*

Uma breve reflexão sem floreios nem rodeios porque o momento nos pede mais objetividade. Desde que as discussões via grupos de Whatsapp e redes sociais entraram na moda em 2018, comecei a notar que meus grupos exclusivamente formados por mulheres são menos propensos ao debate que os outros. Eu, treteira de berço, frequentemente sou taxada de radical, recebo pedidos para que “me acalme” ou para que “respeite a opinião” alheia. Pois bem. Esta não é uma tentativa de autodefesa, não acho que seja necessária, isto é algo mais amplo.

Convoco as mulheres da minha vida ao debate. Convoco cada uma de vocês a dizer o que pensam e a trazer argumentos, a não se calarem diante do que não concordam e a dizerem por que não concordam. A não se intimidarem frente ao calor da discussão e, principalmente, a não silenciarem outra mulher diante de sua exaltação pedindo “calma” ou “respeito”. Preciso lembrar-lhes que dizer amém a tudo o que a outra diz não é sinal de respeito.

Como em tudo criado na sociedade patriarcal e capitalista em que vivemos, percebo nessas tentativas de silenciar resquícios de machismo. Afinal, quando uma mulher se exalta em um debate, é histérica, precisa se acalmar, está com falta de amor ou lhe falta a razão, não é mesmo? A reprodução do machismo por suas oprimidas não é novidade e nem se extingue de uma hora para outra. E entendo que militar no feminismo também é realizar o trabalho de formiguinha de sinalizar uma, duas, três, cada vez que este comportamento se repete. E ter paciência. E seguir apontando novos caminhos.

Aqui, o caminho que quero apontar é o do confronto de ideias, do debate com mais argumentos e menos silêncios. O caminho que só percorremos juntas quando defendemos nossos pontos de vista, ainda que em lados opostos.

Nathália Oliveira vive de contar histórias e é a criadora deste projeto.