Viva Geraldine Chaplin!
Por Nathália Oliveira*
Em uma era do cinema em que parece que só existem histórias de mulheres entre 18 e 30 anos, brancas, com corpos de um mesmo padrão, assistir a Geraldine Chaplin, com seus belos 74 anos, como a impecável protagonista de um excelente filme é uma experiência que afaga o coração.
Assisti a La Fiera y La Fiesta no meu segundo dia de férias em Buenos Aires e tive um feliz reencontro com o cinema latino-americano e com um tipo de protagonista que não costumo encontrar por aí: uma mulher da terceira idade que não está cuidando dos filhos ou netos, que não está de cama ou com uma doença terminal. Não. É uma atriz, que com suas dores e amores perdidos busca realizar um último longa-metragem em homenagem a um amigo de profissão e de vida.
O filme é uma viagem deliciosa pelas dificuldades e delícias de se fazer um filme e por um passado estético do cinema autoral do nosso continente.
Voltando à Geraldine, em entrevista que li assim que saí da sessão, a atriz que, para quem não sabe é mesmo filha de quem seu sobrenome sugere, é perguntada sobre o que ela acha que falta fazer em sua carreira, depois de ter estrelado mais de 100 filmes. A resposta?
“O próximo filme. No cinema, o que sempre falta fazer é o próximo personagem”.
Quis tomar essa frase como um conselho de vida: o que ainda me falta fazer? A próxima viagem. Tomar a próxima cerveja com amigos, escrever o próximo filme. No cinema e na vida, o que nos falta fazer é sempre a próxima vez de algo que a gente ama.
E viva Geraldine Chaplin!