Beatriz

A Bia começou a dançar aos 4 anos e, desde então, vive esse universo de troca, aprendizado, que logo se tornou sua profissão.

É inevitável dizer que a dança é um lugar mais gentil com as mulheres que os demais a maioria dos espaços de convivência. Na vida profissional, a Bia sempre teve chefes, companheiras de trabalho e alunas, em sua maioria, mulheres. Assim como sempre esteve diante de exemplos femininos em posição de liderança e com histórias de vida com muita autonomia e poder sobre suas decisões.

Mas estar muito tempo dentro desse ambiente demanda dela um esforço de se lembrar que fora dele as coisas são bem diferentes.

Na adolescência, a Bia sofreu dois assédios. Um por parte de um colega de escola, que tocou seu corpo sem seu consentimento e outro na rua, um assédio do tipo que, nesse momento, ainda era considerado “coisas que acontecem”, sem muita importância.

Esses episódios tinham ficado no esquecimento até que a ascensão do feminismo e debates sobre os assédios contra mulheres fizeram com que ela percebesse que aquilo não era apenas “paquera”. Foram momentos de constrangimento e de uma violação sobre o seu corpo.

O corpo, que na dança muitas vezes é uma fonte de descontentamento, nunca foi uma questão para a Bia. Ela nunca deixou que as pressões de ter um “corpo de bailarina” caíssem sobre seus ombros e sempre focou mais no aspecto que, para ela, é o mais bonito dessa arte: estar em grupo, viver a troca, se conectar com os outros.

Para a Bia, mulher poderosa é aquela que se relaciona com todos os aspectos da vida de maneira honesta e que consegue se blindar das expectativas dos outros sobre ela.

Beatriz é uma feminista em constante escuta de si e profunda conexão com o outro.