Celina
Celina é uma mulher independente. Já viajou muito por aí e, agora mesmo, está prestes a embarcar numa nova aventura.
Ela saiu da Argentina para trabalhar com cinema no Rio de Janeiro e hoje, quatro anos depois, está a caminho do mestrado em Cuba. Suas andanças pela América Latina construíram uma visão plural sobre os assédios a que estamos condicionadas.
Comparando Argentina e Brasil, ela diz que o machismo se manifesta de maneiras diferentes, mas não necessariamente em maior ou menor intensidade. Segundo ela, existe uma coisa comum nos dois países em relação a esse tema: mulheres que reproduzem machismo. Para a Celina, uma parte de nós mesmas se converte em pilar de sustentação desse comportamento sistemático.
Desde a infância, meninas são incentivadas a acreditar que só serão felizes ao lado do “príncipe encantado” e que uma mulher não pode estar sozinha. Essa educação ultrapassada só gera baixa auto-estima e um número cada vez maior de relacionamentos abusivos.
A Celina viveu um relacionamento assim. E não foi nada fácil se reestruturar. Conquistar a auto-imagem de mulher autossuficiente foi uma construção trabalhosa. É preciso percorrer um longo caminho para desfazer esse padrão imposto desde que nascemos, e mais: não tem ninguém que te ensine como reverter isso. É aprendizado solitário.
Hoje, a Celina não tem dúvidas sobre a mulher que se tornou. Tem consciência de que quer alguém do seu lado para compartilhar e dividir a aventura, mas sem que isso se torne um fardo para nenhum dos dois.
Ela descobriu que o poder feminino tem seu lado selvagem e divino: é algo nasce com todas nós e nos é tirado muito cedo num processo que chamam “civilizatório”.
Celina é uma feminista que não entende como um ser capaz de gerar uma vida pode ser chamado de “sexo frágil.”