Iraci

Aos 22 anos, Dona Iraci saiu do interior do Ceará para viver no Rio de Janeiro.

Lá, ela e seus 9 irmãos tinham uma vida acima da média da região. O pai, dono de fazenda, não deixava faltar nada em casa e foi só no Rio que ela entendeu o que é passar fome e outras necessidades que via os mais pobres da sua cidade passarem.

O dom para ajudar o próximo despertou ainda criança. Em algumas noites, esperava a família dormir para entrar no bar do pai e pegar o que pudesse carregar de comida para dar aos mais pobres.

A partir daí, o desejo pelo trabalho voluntário só ganhou força na sua vida.

Quando foi morar na Vila das Canoas, favela na zona sul do Rio, descobriu um espaço esquecido pelas autoridades, mas muito fértil para a ação social.

Logo de cara, se tornou presidente da Associação de Moradores e fundou a Associação de Mulheres, com um trabalho especialmente voltado para a terceira idade. Ela segue na liderança dos dois grupos.

Nesses 36 anos como voluntária, Dona Iraci também passou por trabalhos como empregada doméstica, babá e caixa de supermercado. E também foi mãe.

Biológica, ela é só de três, mas de coração, ela é mãe de um número incontável de pessoas.

É impossível não sentir a mudança que a presença forte e a fala doce da Iraci provocam em quem tem a sorte de esbarrar com ela por aí.

Iraci é uma feminista transformadora.