Luellem

A faculdade de Artes Cênicas foi um dos períodos mais difíceis da vida da Luellem. Ela já trabalhava como atriz há mais de 10 anos, mas quando entrou na universidade para finalmente ter um contato acadêmico com a sua arte, não se viu representada.

As matérias não traziam quase nenhuma referência a autoras negras ou artistas negros e nas aulas de corpo, a única que trazia afro-brasilidade era a capoeira (que era uma matéria eletiva aos sábados).

A experiência da faculdade como um todo não foi positiva, mas serviu para algumas coisas. Dentre elas, confirmar o que Luellem já sabia: para a gente mudar as estruturas que nos oprimem precisamos mais de ação do que de leitura.

Ela afirma sem titubear que aprende muito mais sobre feminismo com as mulheres que estão à sua volta do que com qualquer livro teórico, que também é muito importante, mas é só o primeiro passo. O mesmo vale para o seu entendimento sobre o racismo estrutural: “a maneira mais eficiente que vemos de manter negros em uma situação de marginalidade, é deixá-los separados dos brancos, em um apartheid não-institucionalizado, mas que existe e é social”.

Luellem não terminou a faculdade de artes cênicas, mas aprende todos os dias sobre seu ofício com os companheiros de cena e com as mulheres do coletivo que faz parte, o @coletivodazamiga.

Luellem é uma feminista da prática.