Luiza

Dois processos antagônicos estão acontecendo neste momento com a Luiza: a morte e a vida. A morte é simbólica. Sua marca de acessórios artesanais feitos com cordas, criada em 2015, chega ao fim. Depois de 4 anos tocando a Knoty Knots sozinha, com as dores e as delícias que a vida de empreendedora carrega, a Luiza entendeu que era o momento de encerrar este ciclo ou, em uma metáfora mais adequada, desatar este nó.

O processo de vida é literal. Luiza e seu marido entraram oficialmente na fila para a adoção da sua primeira filha ou filho, eles ainda não sabem. A decisão veio com naturalidade e não é consequência de nenhum problema de saúde. A Luiza sempre teve vontade de ser mãe, mas não tem vontade de engravidar. É. Parece que a gente esquece que uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra, né? Nós, mulheres, temos a dádiva e a maldição de gerar vida e, na maior parte do tempo, esquecemos que a maternidade vai para além desse processo biológico, é algo que está além do nosso ventre.

Nas reuniões obrigatórias para casais em processo de adoção, a Luiza entendeu que criar um filho não-biológico não é uma boa ação ou caridade. É a materialização de um desejo, é um sonho pessoal.

E é curioso perceber mais um antagonismo na vida da Luiza: uma amante das artes manuais, cuja maior satisfação profissional é ver um produto idealizado e fabricado por suas próprias mãos ganhar vida no mundo, ter a sua realização de maternidade dissociada da ideia de “fabricação própria”. Mas aí cabe a pergunta: será que esses supostos antagonismos não são, na verdade, partes de um mesmo processo? Esta pergunta não foi feita à Luiza, mas podemos imaginar a sua resposta.

Luiza é uma feminista que ata os ciclos da vida com seus próprios nós.