Manuella

Manuella começou a cantar RAP aos 15 anos. Num ambiente dominado por homens, ela subiu no palco, pegou o microfone e mandou “Ouvia-se dizer que nem com flor se bate em mulher. Não é o que se vê. Não é bem o que é. Enquanto cresce o percentual de agredidas, morre o valor pela geração de vidas.” Mandou dizer: “Agressão à mulher não rima”.

Ainda assim, quase foi agredida enquanto cantava essa música. Viu de perto, desde cedo, que se posicionar sobre a violência contra a mulher pode ser perigoso, e por isso, extremamente necessário.

E não tem hipocrisia: para ela, lutar contra o machismo requer um trabalho de desconstrução diária dentro de todos nós, e de TODAS nós. Não existe ninguém isento, mas também não existe quem não possa e não deva levantar a voz para brigar por uma causa que é, numa só palavra: humana.

Manu não acredita em ciranda na hora de se impor contra uma cultura que mata uma mulher a cada uma hora e meia nesse país. Não tem conversa mole quando o que está em jogo são as vidas das meninas, que já nascem em um dos piores lugares do mundo para ser mulher.

Ainda mais sendo uma dessas meninas, a sua menina. Stella tem 3 anos de idade e muita liberdade na sua criação. O que a Manu deseja é simplesmente que sua filha possa se expressar como quiser, ser e dizer o que quiser. Um desejo legítimo. Um desejo de mãe.

Junto com a música, a dança também é seu trabalho e forma de se expressar.

Dançando Manu escreve sua história a passos largos, sempre à frente de seu tempo e sua idade. Sua maior conquista é a do pensamento livre que não deixa para trás os sonhos de adolescente, e não perde de vista novos futuros.

Manuella é uma feminista do futuro. Dentro dela, a revolução que desejamos aconteceu faz tempo.