Fotógrafa: Odila Coelho Braga

Fotógrafa: Odila Coelho Braga

Joacine

NOVOS OLHARES: LISBOA

Na Europa, Joacine se considera europeia. Na África, africana. As nacionalidades de portuguesa e guineense fazem parte da história e da militância de Joacine.

Nascida na Guiné-Bissau, ela foi morar em Portugal com 8 anos de idade. E foi lá que fez toda a sua formação acadêmica até chegar ao Doutorado em Estudos Africanos.

Para alcançar o título de doutora, o caminho não foi fácil. Joacine sentiu na pele a resistência que existe no meio acadêmico europeu quando uma mulher, negra, de origem africana, se coloca diante do desafio de produzir conhecimento.

E é essa uma das circunstâncias que fazem Joacine defender a existência de um Feminismo Negro. Historicamente, negras e brancas não seguiram o mesmo caminho na conquista de direitos. Joacine faz questão de lembrar que, no passado, enquanto mulheres brancas gritavam nas ruas: “direito ao trabalho!”, as mulheres negras, caso tivessem a chance de gritar por algo, gritariam: “direito ao descanso!”.

Recentemente, a Joacine lidera a criação do Instituto da Mulher Negra em Portugal. Justamente por entender que é urgente a existência de um espaço dentro do feminismo que leve em conta as especificidades e as demandas das mulheres negras na sociedade.

Para a Joacine, mulher poderosa é mulher livre. E em ressonância ao que dizia a cantora Nina Simone, ela acredita que o significado de liberdade é não ter medo.

Joacine é uma feminista feita de liberdade e coragem.