Fotógrafa: Odila Coelho Braga

Fotógrafa: Odila Coelho Braga

Julia

NOVOS OLHARES: LISBOA

No início de um dia comum na cidade de São Paulo, parada no trânsito do túnel Ayrton Senna, a Julia ouviu uma voz: “Por que você não vai morar em Portugal?”.

Não foi nenhuma manifestação do além, foi a voz da própria Julia que decidiu se manifestar depois anos adormecida em uma rotina bem estruturada.

Com as facilidades que a condição de vida dela oferecia e as dificuldades que uma mudança repentina impõe, a Julia se mudou para Lisboa. E cruzar o Atlântico não foi só uma mudança geográfica. No Velho Continente, a Julia começou a exercer como principal um papel que antes era paralelo: o de escritora.

Com isso, ela deu à luz a um novo projeto: a Papel Paralelo.

A marca nasceu da parceria entre a Julia e a ilustradora Cínthia Bernardes. Duas mulheres com vontade de colocar para fora criações que unissem texto e imagem associadas a mensagens que elas acreditam.

Falando assim, até parece fácil. Mas não é. Toda mudança é áspera, mexe com as estruturas e nos coloca em um dos lugares mais frágeis para se estar. A Julia sentiu isso e o feminismo teve uma dupla-função nessa fase.

A função prática de acolher, durante o 1º Festival Feminista de Lisboa, os primeiros trabalhos impressos da Papel Paralelo. E a função terapêutica, de ajudar a Julia a entender que muitas situações incômodas vividas no âmbito pessoal e profissional não aconteciam só com ela e mais: não eram culpa dela. O feminismo foi uma via de libertação e a Papel Paralelo, a forma de comunicar isso.

Julia é uma feminista que coloca no papel o mundo que quer ver fora dele.